quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Ausência...
A ausência é tudo o que tenho, tudo o que me deixaste, nem o sonho, sequer réstias de memória. É uma bênção a capacidade de abstracção da mente humana.
A convicta e mesmo frágil sensação que guardamos na mente, o que deve ser guardado e recalcamos o que tem de ser apagado por aquilo a que cientificamente chamamos cérebro, e aquilo que o senso comum denomina pensamento.
Foste arremessado rapidamente para o fundo do icebergue, o que ficou submerso, de tal forma que mal consigo recordar aqueles momentos.
Recordo locais, tempos, palavras, nunca o toque, que me fazia vibrar, nunca o cheiro que me estonteava a alma, nunca o beijo que me dava acesso directo ao que Adão e Eva conheciam como paraíso.
No fundo todas essas memórias me deixavam inerte, apática e com um sentimento de vazio que me apertava o peito sem dó nem compaixão, quase num acto de puro masoquismo.
Hoje conquistei a admiração dos outros por mim mesma. E como é possível? Conquistei também o despeito por mim própria.
Sou uma rocha gigante, que rasga o mar, imóvel, forte, fria e inalcançável. Também sei que a onda vai e vem, mas que a rocha promete persistência e acima de tudo força e dureza.
No entanto, tudo o que parece indestrutível também vai corroendo. Sou rocha rija e áspera que no fundo sabe que vai ser destruída lenta e dolorosamente.
Os olhos alheios admiram e aplaudem entusiastas a dureza de um guerreiro, a sua força e acima de tudo o seu poder, porém negam a possibilidade de o ver prostrado de joelhos por terra, cansado, angustiado e desolado com o seu triste fado.
O que fazer quando a rocha quer ser corroída e o cavaleiro quer cair por terra? Dor, apenas para sentir dor. O que nos magoa mostra-nos sempre que estamos vivos, que ainda sentimos, e que não somos monstros ou máquinas que não tremem perante os que nos rodeiam. Não existem rochas frias, e muito menos guerreiros invenciveis.
Deus não criou o mundo para os fortes, mas para todos os seres desta comum raça mortal.
Sentir, sentir, sentir... Alegria, tristeza, amor, compaixão, dor, saudade, amizade, angústia.
Sentir tudo o que da alma seja! É preciso sentir!
terça-feira, 13 de julho de 2010
When I was young...
domingo, 9 de maio de 2010
E já lá vão 12 anos...
Recordo cada momento do fim e dói, dói muito. Quem se lembra de te ver brincar comigo no jardim, e quem se lembra de nos ver passear pela Graça, apresentares-me todos os teus amigos e desfazeres-te em elogios sobre a minha pessoa... e ao fim da tarde as palavras cruzadas que eram uma rotina obrigatória contigo! E lembrar depois o que mais custou, ver-te numa cama de hospital, completamente dependente das máquinas e já quase inconsciente a chamar por mim. Ou pior? Ouvir aquelas palavras duras que me gelaram a alma, porque o teu tempo estava a chegar ao fim...
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Um passo de gigante dado por uma formiga!
Porque há pessoas que nos fazem renascer das trevas e eu sinto-me assim... a renascer... outra vez... :) o resto? Não interessa, nada interessa, quando já há muitos meses não ria com tanta vontade, com tanta paixão!
Só posso agradecer à pessoa que me acompanhou esta noite, que certamente nunca vai ler este texto, mas a quem ficarei eternamente grata, por me ter tirado do total estado anestésico em que me encontro há mais de um ano! :) Alguém que não sabe o bem que faz aos outros, somente com a sua presença!
Perdoem-me o desabafo mas hoje tinha de exprimir o meu sentimento de total alegria e harmonia!
sábado, 6 de fevereiro de 2010
Psicólogos... uma raça do diabo!
domingo, 21 de junho de 2009
Just a stupid cold soul...
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Distúrbios de uma louca (part 1)
Mas os riscos não pararam, a mão pequena e tensa tornou desconcertante o pedaço de papel que cedia a pouco e pouco, ao passo que o meu ser se dilacerava com ele.
Denoto um certo masoquismo, uma certa vontade e gozo de me perder, de cortar e desfazer o papel em pedaços, e eu? Oh frágil boneca de porcelana... Que vales tu? Desprovida de alma, desprovida de querer, de sonhar e viver. Um simples acidente e num colidir de segundos, pedaços do que foram uma alma, bocados de sonhos, vontades perdidas no tempo e uma vida que agora conhecia a morte. Também eu sou papel.
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Ausência
domingo, 21 de dezembro de 2008
Despedia-me...
Da ponte escura e velha,
Despedia-me de uma terra,
que não era a minha.
A neblina pairava sob o rio.
A escuridão envolta das casas.
As mães chamavam seus filhos
que jogavam à bola na rua...
As varinas recolhiam as bancas
os pescadores retornam da lida
O vento desassogava
as almas mais serenas
A chuva caía timidamente,
e eu... despedia-me.
A chuva trespassava
a camisa molhada.
a temperatura descia,
o corpo tremia....
Que importa o frio?
A chuva?
Além deles o que me acompanha?
A triste e inglória solidão...
Mais uma vez, observava,
Mais uma vez, me apaixonava,
Mais uma vez, me despedia...
Por isso,
Deixei a chuva beijar-me a face
Deixei que o vento me envolvesse
um abraço e despedi-me...
Porque agora era fácil,
Passo a passo,
Os segundos fugiam, os últimos...
Sem hesitações, sem recuos,
Soltei as mãos, deixei-me cair,
O frio apoderou-se do corpo...
As estrelas desapareceram...
Fechei os olhos e
tornei-me água...
* Desconhecido 21/12/2008 *
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Chegou a hora...
Desejava ansiosamente ficar... ali, sozinha... Num sítio pouco ou nada conhecido. Os segundos passavam, os minutos fugiam à velocidade da luz por entre os dedos e o tempo esgotava-se como quando se esgotam os bilhetes para aquele grande espectáculo que tanto ambicionámos assistir...
Sabia que o minuto a seguir podia ser o último, era apenas uma questão de sorte? Ou talvez seja mais adequado dizer "destino"? Mas que importava isso?
Esta extasiante utopia estava prestes a terminar, e olhar-te era cada vez mais delicioso, cada vez mais um desejo, cada vez mais um suplício de te ter perto, de sentir aqueles escassos abraços repletos de timidez.
A cada olhar sentia o desejo, não o desejo físico, não aquela atracção que sentimos pelo que é vulgamente "bonito", mas sim a vontade de recuar no tempo e poder parar os relógios nos poucos momentos em que nos foi possível estar juntos.
Na memória levo-te o olhar, levo os abraços, os beijos e mais do que tudo um sentimento de saudade que me corta a alma em pedaços, o que de mais profundo tenho em mim.
Chegou o momento! O destino não me deu mais de 20 minutos para contemplar o teu olhar, os teus gestos e toda a magia que te envolve... sabia que ia ser a última vez... com uma certeza irreversível e triste...
Despachei a bagagem e olhei-te uma última vez, novamente aquele olhar meigo, carinhoso, daquele que me protege, daquele que move rios e montanhas para me fazer rir.
Era a ultima vez que ia ver esse ter olhar e a consciência, nestes momentos, pesa toneladas e deixa-nos como que a viver numa outra realidade paralela à que conhecemos. Era isso que sentia, como se estivesse a fugir da realidade, do sonho e a conhecer esse teu lado preferido, aquele lado que também eu aprecio em mim, às vezes... A capacidade de ignorar, de matar acontecimentos e sentimentos, como quem mata um mero insecto, sem olhar para trás, sem pensar duas vezes...
Agora é só isso que nos resta, meu amor, convencermos os outros e especialmente a nós mesmos de que o que vivemos foi um acto não reflectido e não sentido.
Olhei-te uma última vez para ver esse brilho, o brilho que se iria perder para sempre, aos meus olhos... Ia conhecer aquele teu outro "eu" que de uma ou outra forma me iria magoar.
Guardei o brulho e levei o presente na memória e daí nunca mais poderá sair. Mesmo longe vou continuar a recordá-lo, até ao dia em que, tal como tu, acredite que o que vivemos foi um erro, foi simplesmente o resultado de uma carência acumulada ou de alcóol a mais a percorrer o nosso corpo. Depois de ter partido, só posso pedir-te que sejas o mesmo que eras antes destes dias, mais não irei pedir.
Com saudades da tua sempre amiga,
Catarina 8/12/1982