domingo, 21 de junho de 2009

Just a stupid cold soul...


A frieza. Almas frias. Gente desprovida de coração?

Mais do que escrever textos bonitos de histórias bonitas da vida dos outros que em nada me pertencem, hoje olhei para mim, mais que olhar, observar com olhos de ver.

Todos nascemos prontos para amar, para ser amados, como instinto natural e saudável de todo e qualquer ser humano... Amamos os pais, como primeiro elemento de referência, mais tarde um amor diferente pelos amigos que fazemos na escola, nos escuteiros, em todo e qualquer lado, para posteriormente vivenciarmos o sentimento do amor propriamente dito por alguém em particular.

Alguns da espécie deterioram-se, perdem a capacidade de amar, tornam-se frios, insensíveis e quase inquebráveis. Onde fica o amor? Quando é que realmente se autorizam os fracos a mostrar os seus verdadeiros sentimentos? Será que estes ainda existem em qualquer canto fechado da sua estranha forma de ser?

Sinto-me forte dia após dia... sinto-me imbatível, inquebrável... nada me abala... e o sorriso esse é sempre o mesmo, sempre igual, sem brio, sem vontade, mas também sempre convincente que tudo está bem.

É fantástica a sensação de mostrarmos aos outros o sorriso, de deixar escapar gargalhadas, que muitas vezes são as lágrimas que queremos deixar fugir, mas ficam retidas e presas nas profundezas do nosso ser.

Quantas lágrimas já teriam caído?

Ouvir as palavras mais duras e acenar com a cabeça, sorrir e mais uma vez... sorrir...

Talvez apelidada de alma fria, insensível, revoltada, alheia ao que de mal me possam fazer e aceitá-lo sempre, como se de uma banalidade se tratasse.

Masoquismo? Talvez... Porém o que fazer quando nos proíbiram de sentir? E quando nós próprios nos proíbimos a arriscar e quem sabe a ser felizes ou a sofrer?

Tão forte e ao mesmo tempo tão fraca e a viver de uma felicidade ilusória que na realidade peço todos os dias para que não acabe...

Opto por viver no sonho...
* Um texto dedicado ao meu pai e a outra pessoa da minha vida *

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Distúrbios de uma louca (part 1)


Riscava furiosamente os papéis, uns atrás dos outros, tinta negra para definitivamente apagar o que fora escrito sem alma, sem sonhos, sem vontade. Negra, tão negra como a minha alma, as profundezas do meu ser, no delinear de um sorriso que eu não conhecia, que se rasgava na face, um sorriso, um misto de dor e esquizofrenia em mim. Nunca antes sorrira assim, com tanta vontade e tanta maldade.
Mas os riscos não pararam, a mão pequena e tensa tornou desconcertante o pedaço de papel que cedia a pouco e pouco, ao passo que o meu ser se dilacerava com ele.
Denoto um certo masoquismo, uma certa vontade e gozo de me perder, de cortar e desfazer o papel em pedaços, e eu? Oh frágil boneca de porcelana... Que vales tu? Desprovida de alma, desprovida de querer, de sonhar e viver. Um simples acidente e num colidir de segundos, pedaços do que foram uma alma, bocados de sonhos, vontades perdidas no tempo e uma vida que agora conhecia a morte. Também eu sou papel.
To be continued (...or not)

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Ausência




A ausência é tudo o que tenho, tudo o que me deixaste, nem o sonho, sequer réstias de memória.


É uma bênção a capacidade de abstracção da mente humana. A convicta e mesmo frágil sensação que guardamos na mente o que deve ser guardado, e que recalcamos o que tem de ser esmagado e apagado por aquilo a que cientificamente chamamos "cérebro", e aquilo a que o senso comum denomina pensamento.


Tu foste arremessado rapidamente para o fundo do icebergue, o que ficou submerso, de tal forma que mal consigo recordar aqueles momentos, aqueles locais, tempos, palavras... Nunca o toque que me fazia delirar, nunca o cheiro que me estonteava a alma, nunca o beijo que me dava acesso directo ao que Adão e Eva conheciam como Paraíso.


O que é o Paraíso, senão um mito dos livros? Assim como apareceste, foste embora... Uma bonita realidade sucumbiu no mais enfermo e doentio delírio...


Hoje eu digo, com uma lágrima à espreita, como fazia em criança à porta do quarto dos meus pais "Não passou de um sonho mau".




Joana Neves